quinta-feira, 23 de abril de 2009

primeiros riscos

As vezes as palavras fogem de minha boca, se perdem no ar. Tento encontra-lás mas é tarde demais. Acaba me restando o não dito, o ar. Me questiono e agora escrevo tentando curar algo talvez incurável.

Não é a timidez que me aflige...A timidez carrega consigo um lirismo e uma pureza, inconcebidas na alma de um repressor. O censurador ao qual me refiro é austero, rígido, masculino e forte. È o medo, medo, medo, medo, medo do que eu me transformei. De repente eu sou assim mesmo, ordinária, comum ... eu não quero ser comum... Eu quero meu futuro brilhante, quero meu conto de fadas. Não quero essas dúvidas que insistem em me rodear, não quero essa tal subjetividade implícita da qual todos falam. Alías, hoje tudo parece se resumir a "isso é subjetivo".

As certezas ficaram na casa de boneca, com o amigo imaginário, na brincadeira de pique-cola, pique esconde, polícia e ladrão, no gato mia, no primeiro namoradinho, na árvore de natal, com os duendes colecionadores de dente de leite... Já bati diversas vezes nessa porta... inultimente, essa casa já não me cabe mais.

Agora não sou mais personagem dos filmes da Disney, fui levada as complexas multitramas de Godard, as cicatrizes emocionais de Bergman, a manipulação do eu pela sociedade de Antonioni, o platonismo de Kar wai e por que não ao clichê exagerado de Almodóvar. Não me acho mais, não decido mais, não sei mais, sou apenas mais um. Não sou mais eu.